Federico Mayor Zaragoza

A Universidade Fernando Pessoa atribuiu o grau de Doutor Honoris Causa em Ciências Sociais (Ciência Política e Relações Internacionais) a Federico Mayor Zaragoza. A cerimónia solene teve lugar no dia 3 de maio de 2014, pelas 10h00, no Auditório da UFP.

Currículo
Vinte e cinco anos de dedicação ininterrupta ao serviço da Paz no Mundo têm mantido o Doutor Federico Mayor nessa esplêndida lucidez que é a juventude do espírito, que a sua longa e rica experiência de vida torna ainda mais admirável, seja quando nos surpreende com a prontidão de reflexos e o sentido de ironia seja pela capacidade para nos iluminar pela obra de Pablo Picasso ou de Konrad Adenauer, pelos desafios científicos de Rita Levi Montalcini ou de Bertrand Russell ou ainda pelas veredas poéticas de Léopold Sédar Senghor, capaz de transportar “toda a África no coração”!

Quando, em 1987, aos 53 de idade, foi eleito VIII Director-Geral da UNESCO, era já uma referência no âmbito científico e profissional da Biologia, envolvido como estava com o programa HUGO e a sequenciação do genoma humano. Não menos notável foi o seu envolvimento e decisiva contribuição para a transição política e democrática da Espanha pós- Franco, como Reitor da Universidad de Granada e como Ministro da Ciência e da Educação, empenhado em formatar o novo regime sobre sólidas bases europeias. Foi, por isso, um colaborador essencial, naquele delicadíssimo tempo, tanto para o Presidente do Governo, Adolfo Suárez, como para o Rei Juan Carlos e Rainha Dona Sofia.

Nascido nas margens do Mediterrâneo, aprendeu com o pai a ser um homem de visão universal – “a man for all seasons” – e com a mãe, a ser um filho incansável da terra próxima – “já descansariam, quando morressem”. Casado com Mª Angeles Menézdez González, é esta ilustre mulher e saga feminina da descendência com que foram compensados – filha, neta e bisneta – o núcleo mais íntimo do seu centro de gravidade.

Este renomado biólogo, pensador, poeta e cidadão do mundo resistiu impassível às pressões que afectaram a UNESCO, por causa do chamado “Informe Mac Bride”, e foi o grande continuador do projecto de Julian Huxley de reescrever entre todos (incluídos os adversários) uma nova história do mundo, com realizações tão significativas para a Humanidade como a salvação dos templos de Abu Simbel ou a reconstrução da Biblioteca de Alexandria. O contrato global “Un Monde Nouveau” (com Jerôme Bindé), no termo do seu terceiro mandato, lançou as bases para definir os chamados “Objetivos do Milénio”, ao mesmo tempo que a Assembleia Geral da ONU aprovava a Declaração e Plano de Acção sobre uma Cultura de Paz, que marca hoje o verdadeiro ‘kybernos’ ou rumo para o futuro do Mediterrâneo e do mundo no seu conjunto.

Por sua insubornável independência, firmeza de critério e capacidade internacional de mediação, o Doutor Federico Mayor continua a ser pessoa de relevância especial das Nações Unidas para missões árduas, como o diálogo entre civilizações ou a abolição da pena de morte, e foi – com José Luís San Pedro y Stéphanen Hessel – um dos três autores mais lidos do mundo no movimento mundial de renovação democrática e indignação contra a “bad financial globality”.

Proponente: Prof. Doutor Salvato Trigo
Padrinho: Prof. Doutor Luís Martins