Docentes da UFP desenvolvem projeto de escova especial

As Professoras Doutoras Rita Rodrigues e Conceição Manso, docentes do mestrado integrado em Medicina Dentária da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Fernando Pessoa, integraram a equipa que desenvolveu uma escova de dentes especial para pessoas com malformação na cavidade oral, no caso a fenda lábio-palatina (FLP). Finalizada a pesquisa e testada a escova em 60 crianças com FLP, obteve-se resultados muito positivos.

A Cleft Toothbrush já possui registo de uma patente provisória, estando, atualmente, a equipa à procura de um parceiro para a sua produção industrial.

A ideia da Professora Rita Rodrigues surgiu durante a pesquisa para doutoramento com foco na odontopediatria, na Universidade do Porto. “Eu gostava que fosse algo útil, mas que tivesse valorização e impacto social”, explica. No caso da FLP, a investigadora viu uma possibilidade de “tentar fazer alguma coisa para aqueles pais que já pensam em tantas coisas, na fenda, na terapia da fala, na alimentação, na deglutição, na psicologia, na parte estética, onde a parte da medicina dentária fica um pouco descuidada”, completa.

Com o objetivo de melhorar a higiene da zona específica que precisa de cuidados, especialmente até aos 12 anos, idade em que normalmente se realiza o enxerto ósseo da área através de cirurgia, foram desenvolvidos 60 protótipos por uma empresa suíça – Curaprox. Trata-se de uma peça ou adaptação que é acoplada na cabeça da escova de dentes convencional e permite uma higienização da área da fenda, uma zona de difícil acesso a indivíduos com FLP, e mantem a funcionalidade da escova noutras áreas. As escovas que existem no mercado causam incómodo na fenda por se tratar de uma zona muito sensível e não serem adaptadas às necessidades dos indivíduos, além de não alcançarem a zona mais profunda da fenda, não permitindo assim uma higienização correta do local da fenda.

A peça projetada tem a forma de uma chama e cerdas de diferentes tamanhos em 360º. A sua flexibilidade garante a desorganização da placa bacteriana sem causar lesão nos tecidos adjacentes, permitindo assim reduzir a inflamação dos tecidos. O resultado foi muito positivo, pois para além de ter um impacto positivo na saúde, levou também a um aumento da confiança e da felicidade nas crianças e nas suas famílias, que tinham medo de higienizar a zona da fenda.

A Profª. Doutora Rita Rodrigues tem apresentado a Cleft Toothbrush em diferentes locais, em busca de parceiro para a sua produção e comercialização. Muitas das famílias que utilizaram a adaptação ao longo da pesquisa têm procurado a equipa para obter novas escovas.

Os dados apontam para que nasçam cerca de 180 crianças por ano com esta malformação, em Portugal, e 1: 700 no mundo. Sem pensar em lucros, a Profª. Doutora Rita Rodrigues lembra que a sua finalidade é proporcionar bem-estar e fazer as pessoas pensarem que “esta é uma escova feita para mim, para as minhas dificuldades, para as minhas alterações anatómicas”. Segundo a Profª. Doutora Conceição Manso, a intenção é “que possa ser adquirida por toda a gente”.

Também fizeram parte do grupo, na área de medicina dentária, a Profª. Doutora Maria Helena Fernandes (Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto) e o Dr. Rowney Furfuro (Clínica Compor), o cirurgião pediátrico Dr. António Bessa Monteiro (Hospital Lusíadas) e o Engenheiro Joaquim Gabriel Mendes (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto).